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EDITORIAL

Durante o ano de 2022, foi realizado o primeiro grupo de estudos do Instituto Neurodiversidade, tendo como foco a neurodiversidade e as diferentes neurodivergências. Com aulas ao vivo, que contaram com professores especialistas e que vivenciam o assunto por eles abordados, além dos materiais complementares, os integrantes se debruçaram sobre temas como: autismo, TDAH, AH/SD, transtornos de aprendizagem, interseccionalidade e apoio familiar.

A neurodiversidade passou a ser discutida pela socióloga Judy Singer, no final da década de 1990, com sua tese de doutorado que fora transformada no livro Neurodiversity: The Birth of an Idea, e disseminada pelo jornalista Steve Silberman com o lançamento do livro NeuroTribes: The Legacy of Autism and the Future of Neurodiversity, em 2015. Considera condições como o autismo, TDAH, dislexia, AH/SD, entre outras, como variações naturais da neurologia humana, e não doenças ou distúrbios que necessitam ser curados.

Ainda, entende-se que as pessoas neurodivergentes deveriam ser mais respeitadas dentro da sociedade por conta do seu funcionamento diferenciado, e a partir do recebimento de atendimentos e acessibilidade condizentes com suas necessidades e terem a oportunidade de desenvolver o seu pleno potencial. Tais reinvindicações são base do Movimento pela Neurodiversidade, que busca direitos civis, igualdade, respeito e inclusão social plena para as pessoas neurodivergentes. O movimento, que é fomentado e impulsionado através do ativismo, vê as condições neurologicamente atípicas como variações naturais da neurologia humana, e não como doenças ou distúrbios que necessitam ser curados.

As terminologias relacionadas à neurodiversidade ainda geram confusões, seja devido as semelhanças entre si ou ao pouco contato que ainda temos com elas. Neurodiverso, por exemplo, tem o seu uso adequado para locais, eventos, ou situações em que haja uma pluralidade de funcionamentos do neurodesenvolvimento, ou seja, pessoas neurologicamente típicas e atípicas. Por sua vez, pessoas típicas podem ser entendidas como neurotípicas, enquanto as atípicas, que possuem uma ou mais condições do neurodesenvolvimento, por neurodivergentes ou neuroatípicas.

Tendo em vista esse panorama emergente de discussões, ações e ativismo, em nossa quarta edição da Revista Neurodiversidade, convidamos os participantes do Grupo de Estudos sobre Neurodiversidade a colaborar com seus estudos e aprendizados na composição desta edição. Foram enviados cinco artigos, sendo eles:

Talentismo: Opressão ou Privilégio? Um olhar para as Altas Habilidades e outras Neurodiversidades, de Filipe Albuquerque Ito Russo e Luana de Melo Ribas, que objetivou investigar, a partir de um estudo teórico, “analisar o que se compreende por talento de acordo com a literatura e quais as limitações e potencialidades do conceito de talento nas Altas Habilidades e em outras neurodiversidades”.

Jornalismo e o TEA: como a produção de um podcast transformou nossa visão sobre neurodiversidade, de Giulia Pontes et al. A partir de um trabalho de conclusão de curso na área do Jornalismo, aos (as) autores (as) desenvolveram um podcast de cinco episódios que entrevistou pessoas dentro do espectro autista em diferentes fases da vida: infância, adolescência, fase adulta e a terceira idade.

Narrativas em blog: mapeando as barreiras enfrentadas por pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação, de Filipe Albuquerque Ito Russo. A partir do trabalho de uma década desenvolvido no blog SupereficienteMental.com, artigo apresenta um panorama sobre a superdotação no Brasil, ressaltando o início dos
estudos em altas habilidades no país, assim como a evolução das nomenclaturas e respectivas políticas públicas.

Atenciosamente: a diferença e o impacto de um diagnóstico tardio de autismo, de Júlia Gomes Reis. Esse relato de experiência traz a dificuldade em crescer sem um diagnóstico e as mudanças que ocorrem na vida após o diagnóstico tardio e o processo de autoconhecimento de uma mulher com autismo, ressaltando a importância da individualização no processo diagnóstico quanto no respeito à diversidade.

Nós neurodivergentes: uma resenha do livro “Eu Autista” à luz da Neurodiversidade, de Filipe Albuquerque Ito Russo e Oriana Comesanha e Silva, agora o livro lançado em 05 de junho de 2022 e que aborda o diagnóstico tardio de Marcos, que ocorreu apenas em seus 35 anos de idade. Compondo assim mais um texto em nossa quarta edição, que aborda a importância do diagnóstico em busca da identidade de cada indivíduo.

 

No sistema de envio contínuo de artigos, tivemos duas propostas aprovadas pelos nossos pareceristas, que também compõem esta quarta edição:

A superdotação em mulheres negras, de Patricia Neumann. Através de um estudo de caso com uma mulher negra, superdotada e identificada na vida adulta através de avaliação psicoeducacional, a autora realizou uma análise de conteúdo a partir de entrevista estruturada, identificando problemas envolvendo sofrimento psíquico, racismo, sexismo e preconceito quanto ao entendimento da superdotação.

Por fim, temos o artigo intitulado o uso do ‘Behavior Skills Training’ como ferramenta para treinamento de pais de crianças com autismo: uma revisão da literatura, escrito por Iria et al. O artigo teve como objetivo analisar a literatura quanto ao uso do Behavior Skills Training (BST), protocolo utilizado no contexto de terapias baseadas na ciência da Análise do Comportamento Aplicada. Com uma busca de artigos publicados entre os anos de 2017 e 2022, foram selecionados 10 artigos que atendiam aos critérios de inclusão propostos pelas autoras, que discutiram sua aplicabilidade para o treinamento parental junto de famílias no espectro autista.

 

Referências

Abreu, T. (2022). O que é neurodiversidade?. Cânone Editoração Ltda.

Silberman, S. (2015). Neurotribes: The legacy of autism and the future of neurodiversity. Penguin.

Singer, J. (2017). Neurodiversity: The birth of an idea.

 

Daniele Pendeza (editora-chefe)

Lucas Pontes (editor)

SUMÁRIO

__________

1. Talentismo: Opressão ou Privilégio? Um olhar para as Altas Habilidades E Outras Neurodiversidades

    Talentism: Oppression or Privilege? A look at High Abilities and others Neurodiversities

    (Filipe Albuquerque Ito Russo e Luana de Melo Ribas)

2. Jornalismo e o TEA: como a produção de um podcast transformou nossa visão sobre neurodiversidade

    Journalism and ASD: how producing a podcast transformed our views on neurodiversity

    (Giulia Pontes, Helena Fortunato, Manuela Ravioli, Mirian Biasão e Pedro Pimenta)

3. Narrativas em blog: mapeando as barreiras enfrentadas por pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação

    Blog narratives: mapping the barriers faced by people with High Abilities or Giftedness

    (Filipe Albuquerque Ito Russo)

4. Atenciosamente: a diferença e o impacto de um diagnóstico tardio de autismo

    Kind regards: the difference and impact of a late autism diagnosis

    (Júlia Gomes Reis)

5. Nós neurodivergentes: uma resenha do livro “Eu Autista” à luz da Neurodiversidade

    We neurodivergent: a review of the book "Eu Autista" in the light of Neurodiversity

    (Filipe Albuquerque Ito Russo e Oriana Comesanha e Silva)

6. A Superdotação em mulheres negras

    Giftedness in black women

    (Patricia Neumann)

7. O uso do ‘Behavior Skills Training’ como ferramenta para treinamento de pais de crianças com Autismo: uma revisão da literatura

    Using the Behavior Skill Training as a tool to train parents of children with Autism: a literature review

    (Leslye Sartori Agostinho Iria, Luisa Paiva, Tatiana Monteiro e Denise Aparecida Passarelli)

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